sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Memorial




A princípio é interessante discutir sobre o significado da palavra memória. Memória é a descrição, a recordação de fatos vividos no passado, que foram previamente organizados e armazenados pelo ser que os rememora. Assim como não se pode discutir memória sem apresentar todos os fatores envolvidos, não pode-se falar em memória sem relacionar com o tempo. Sabemos do passado não só por meio de registros mentais próprios, mas também por confirmações dos que conviveram conosco, diários, imagens e objetos. De fato, o passado só existe porque nos recordamos dele. A memória é fundamental para que conheçamos nossa história e nos identifiquemos como indivíduos e como sociedade.
Apesar de afirmarem os cientistas que lembramos mais nitidamente de coisas ruins pretendo mostrar em meu memorial que eu sou uma espécie de exceção. Eu descrevo primeiro as boas lembranças e só depois as ruins surgem atreladas, caso estejam associadas um fato que possa ser classificado como bom.

Minha vida educacional começou antes do meu ingresso numa instituição de ensino formal, quando minha mãe estimulava meu aprendizado através das letras iniciais do alfabeto e das cores, aprendizado este que eu absorvia muito bem.

Com dois anos de idade tive meu primeiro contato com a escola em 1990, a princípio houve um estranhamento, eu estudava em período integral e não estava acostumada com o distanciamento da família. Permaneci nesta escola durante um ano.

No ano seguinte 1991, comecei o ano letivo em uma outra escola, nessa eu me sentia bem mais a vontade, talvez por estudar apenas um turno. Gostava muito da estrutura dessa nova escola, das professoras, dos colegas. Lembro que eu me divertia muito com as atividades exercidas: cobrir letras, números e desenhos pontilhados, pinturas, arte com massa de modelar, leitura de histórias e cantigas para melhor fixação dos assuntos. Era com muita satisfação que eu e meus colegas fazíamos as atividades. Não me recordo muito bem, mas o currículo desta escola era um tanto pouco “diferente”, cursei o chamado Maternal, Jardim I, Jardim II, Prontidão (ninguém nunca ouviu falar desta tal prontidão) era uma espécie de preparação pra a sonhada Alfabetização e por último nessa escola cursei a primeira série do primário.

Mudei de bairro, e fui novamente transferida de escola, essa nova não era muito diferente da anterior, eu estava na segunda série do primário em 1997, mas segundo a diretora e a minha professora de classe, eu estava muito avançada para minha série e perante a turma, resolveram então me adiantar, me colocaram na terceira série, eu achei o máximo, mas minha mãe não aceitou. Estudei então a segunda e terceira série regulamente nesta escola, que tinha uma proposta pedagógica fundamentada na religião católica.

Mas uma vez troquei de escola (1999), essa por sua vez era bem menos arbitrária, com fortes traços da teoria humanista. Lá estudei o quarto ano primário e quinta, sexta e sétima série do ginásio.

Pra ser honesta, o ensino desta escola não me era muito satisfatório, tinha um número grande de bons professores e o mesmo número de professores descompromissados, era uma escola maior, com mais turmas e consequentemente mais alunos, eu que vivia uma fase delicada e complexa da minha vida (adolescência) acabei por me dispersar, o aprendizado já não era tão importante para mim.

Meus pais percebendo todo esse meu desligamento resolveram me transferir novamente de escola (2003). Desta vez eu em realizei muito, conheci bons amigos, tive contato com um outro tipo de educação, eu realmente me sentia na minha segunda casa, tinha professores comprometidos com o cronograma e o aprendizado dos alunos, tinha grande incentivo nos esportes, a escola era administrada por uma diretora católica fervorosa, mas que não chegava ao ponto de impor sua religião aos aluno. Nesta escola fiz o último ano do ginásio, a oitava série e concluí o ensino médio, foi de maneira muito árdua que cursei o terceiro ano do ensino médio, eu tinha uma grade de horários cansativa, os assuntos eram corridos, muita informação, muitas avaliações e o tão temido vestibular não saia das falas em sala de aula. Eu fazia também junto ao terceiro ano o pré-vestibular no turno oposto. Provas, simulados faziam parte da minha rotina na escola.

Havia um psicólogo que nos acompanhava, fazíamos terapia, orientação vocacional, uma série de coisas em preparação para o vestibular.

Depois de tanto sacrifício resolvi não prestar vestibular no ano em que concluí o ensino médio (2006), tirei umas férias.

Em 2007 fiz um bom curso pré-vestibular, eram muitos professores com currículos imensos, ótimas formações, muitas experiências, eu tinha aula da manhã até o início da tarde, de segunda a sábado com avaliações em alguns domingos.

Prestei vestibular, a prova em si não foi esse “bicho de sete cabeças” a qual eu estava acostumada a ouvir, ao resultado fui contemplada com a aprovação.

Então, no segundo semestre de 2008 iniciei minha vida acadêmica no curso de pedagogia da Universidade Federal da Bahia da qual muito me orgulho. Deparei-me com um outro universo, todos os tipos de pessoas, professores bem qualificados, colegas de várias as idades e diferentes classes. Escolhi pedagogia ainda com receio de após o inicio do curso não me identificar, aconteceu justamente o contrario, a cada dia que passava, cada texto lido, cada tema debatido, crescia e fortalecia dentro de mim uma paixão pelo curso. Hoje no terceiro semestre (2009.2) , mais familiarizada com a faculdade posso dizer que estou no caminho certo e que toda minha história educacional contribuiu muito para minha chegada até aqui.

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